Neste post falaremos sobre as habilidades relacionadas ao pensamento algébrico que serão trabalhadas com as crianças do 1º ano do Ensino Fundamental.

Assista ao conteúdo deste post no vídeo a seguir!

No post anterior, vimos que a BNCC estabelece que todos os estudantes do Ensino Fundamental, desde o 1º ano até o 9º, devem estudar Álgebra, uma unidade temática da Matemática. Tal unidade, anteriormente, começava a ser estudada, de modo específico, somente a partir do 7º ano do Ensino Fundamental.

A partir de agora vamos compreender, a partir das transcrições da BNCC, quais elementos do pensamento algébrico deverão ser trabalhados com os estudantes do 1º ano do Ensino Fundamental:

Unidade temáticaObjetos de conhecimentoHabilidades
ÁlgebraPadrões figurais e numéricos: investigação de regularidades ou padrões em sequências(EF01MA09) Organizar e ordenar objetos familiares ou representações por figuras, por meio de atributos, tais como cor, forma e medida.

Vamos esclarecer alguns pontos sobre a composição da tabela, que aparecerá em várias partes do texto:

  • A Unidade temática, evidenciada na primeira coluna, sempre será Álgebra, que é o objeto de estudo neste e-book;
  • Os Objetos de conhecimento, que aparecem na segunda coluna, podemos dizer que se relacionam diretamente com os conteúdos;
  • A terceira coluna descreve quais Habilidades serão desenvolvidas durante o estudo dos Objetos de conhecimento, ou conteúdos;
    • Ainda no campo das Habilidades, é importante que tenhamos clareza a respeito do código que aparece antes da descrição. No caso, vemos EF01MA09. EF significa que estamos falando da Etapa de Ensino, que é o Ensino Fundamental. 01, na sequência, corresponde ao ano escolar, no caso, 1º ano. As duas letras seguintes, MA, formam a sigla que a BNCC utiliza para a Matemática. E 09 é um número sequencial das habilidades. No caso, a habilidade descrita é a 9ª da Matemática, na sequência de todas que aparecem no documento.

Agora que compreendemos algumas características técnicas, concentremos a nossa atenção na habilidade: Organizar e ordenar objetos familiares ou representações por figuras, por meio de atributos, tais como cor, forma e medida.

Essa habilidade está relacionada com procedimentos mentais desenvolvidos na Educação Infantil como comparação, classificação e ordenação de elementos. E que tipo de desafios podem ser propostos para as crianças nessa faixa etária? Vejamos algumas ideias.

Uma certa quantidade de objetos, de diferentes tamanhos, mas com a mesma forma, por exemplo, circular, é entregue para a criança. E ela deve ser desafiada a organizar esses objetos, ou numa fileira, ou de outra forma, de acordo com algum critério. Além disso, ela deverá explicar o critério utilizado. Ela poderá, por exemplo, fazer uma fileira organizando os objetos em ordem crescente ou decrescente. Ou pode, fazer uma sequência alternada com um círculo maior e outro menor. O importante é que fique claro qual foi o critério utilizado, e que a criança seja capaz de explicitar esse critério com clareza.

Uma outra situação seria ter elementos em formas e cores distintas. As possibilidades de organização desses objetos aumenta, o que eleva o desafio da atividade e aumenta a multiplicidade de respostas.

Mas não é necessário ficar restrito às formas geométricas e a objetos e de cores e medidas diferentes. Pode-se propor a organização dos próprios estudantes em grupos considerando o mês de nascimento. Em um trabalho com enfoque interdisciplinar, pode-se trabalhar a organização de palavras em grupos pela letra inicial, ou final. E também a organização de figuras de seres vivos, com aves, répteis, mamíferos.

São muitas as possibilidades de se desenvolver essa habilidade com as crianças do 1º ano. As ideias apresentadas podem e devem ser enriquecidas/adequadas/modificadas por meio da criatividade e da experiência do(a) educador(a).

Contudo, um elemento essencial é o planejamento das atividades, para que proponham desafios relevantes. Indo além, é importante que as próprias crianças estabeleçam os critérios. Os educadores precisam abrir mão do “controle” e permitir que as crianças cresçam, que se tornem menos dependentes de orientações e apresentem soluções diferentes e criativas para os problemas propostos. Agindo assim, os educadores estarão contribuindo para o desenvolvimento da autonomia e da argumentação em Matemática.

Vejamos agora o próximo objeto de conhecimento e a habilidade relacionada.

Unidade temáticaObjetos de conhecimentoHabilidades
ÁlgebraSequências recursivas: observação de regras usadas em seriações numéricas (mais 1, mais 2, menos 1, menos 2, por exemplo)(EF01MA10) Descrever, após o reconhecimento e a explicitação de um padrão (ou regularidade), os elementos ausentes em sequências recursivas de números naturais, objetos ou figuras.

Observe que agora o cenário é diferente. A situação está posta, a configuração dos elementos da sequência já está pronta. A criança deve reconhecer o padrão ou regularidade e explicitar isso. Uma vez que o padrão foi compreendido, ela será capaz de reconhecer elementos ausentes nessas sequências. E quais desafios podem ser propostos para se desenvolver tal habilidade?

Sequências dos múltiplos de certo número natural e sequências de elementos organizados de acordo com algum critério bem definido, são bons exemplos. Algo que pode ser muito interessante, nesse sentido, é organizar as crianças em duplas e cada componente da dupla desafia o colega. Como assim?

Uma criança propõe uma sequência, ou de objetos, ou de números, de acordo com algum critério e com elementos faltantes, e pede para o parceiro de dupla desvendar o “segredo” daquela sequência. Para enriquecer a multiplicidade de desafios propostos a uma única criança, um rodízio das duplas também pode acontecer após certo intervalo de tempo. Precisamos concordar que isso é muito mais interessante e enriquecedor do que o cenário em que o professor propõe um mesmo desafio para a turma inteira resolver.

A cooperação entre as crianças, mais uma vez, além de promover a argumentação e o debate nas aulas de Matemática, também desenvolve o espírito investigativo e a diversidade de pensamentos e reflexões em torno de um problema matemático. E, claro, alivia o professor, que em vez de dominar todos os acontecimentos da aula, utiliza como estratégia a própria criatividade das crianças ao se desafiarem nos pares.

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Grande abraço e bons estudos!