Neste post vamos analisar mais um objetivo de aprendizagem e desenvolvimento proposto pela Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, para a Educação Infantil, mais especificamente para as chamadas crianças pequenas, de 4 anos até 5 anos e 11 meses.

Objetivo EI03ET02

Observar e descrever mudanças em diferentes materiais, resultantes de ações sobre eles, em experimentos envolvendo fenômenos naturais e artificiais.
Abordagem das experiências de aprendizagem

As crianças pequenas são extremamente curiosas sobre as coisas que acontecem à sua volta; gostam de perguntar sobre o que está acontecendo, por que e como: “por que a chuva cai da nuvem? Por que o sol não aparece à noite? Por que o coração bate mais rápido quando a gente corre?”. Suas perguntas não necessitam de respostas rebuscadas, envolvendo a formulação de conceitos físicos ou biológicos; elas são intencionalmente uma busca de informações sobre algo, uma tentativa de explicar aquilo que observam. Nesse contexto, é importante que as crianças pequenas tenham a oportunidade de participar de diversas situações de exploração de objetos (ex.: observar a água em forma de gelo, a água líquida e o vapor d’água), de formular perguntas (ex.: Por que o gelo derreteu?), de construir suas hipóteses (ex.: Será que é porque está calor?), de desenvolver suas generalizações (ex.: O sorvete também derrete quando está muito calor!), de aprender um novo vocabulário (ex.: derreter, evaporar etc.), nas quais explicam o efeito e a transformação na forma, velocidade, peso e volume de objetos, agindo sobre eles, ou exploram algumas propriedades dos objetos, como a de refletir, ampliar ou inverter as imagens, ou de produzir, transmitir ou ampliar sons etc., e também tenham oportunidades de descrever o que observaram ou contar o que aprenderam tendo o apoio do(a) professor(a) por meio de uma escuta atenta e de um interesse genuíno em suas colocações.
Sugestões para o currículo

Ao formular objetivos de aprendizagem e desenvolvimento específicos para o currículo, é desejável detalhar noções, habilidades, atitudes e/ou especificidades locais para cada um dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da BNCC. Para as crianças pequenas, é possível construir objetivos específicos relacionados aos procedimentos de pesquisa, como, por exemplo, nomear e descrever características e semelhanças frente aos fenômenos da natureza, estabelecendo algumas relações de causa e efeito, levantando hipóteses, utilizando diferentes técnicas e instrumentos e reconhecendo algumas características e consequências para a vida das pessoas; ou reunir informações de diferentes fontes para descobrir por que as coisas acontecem e como funcionam, registrando e comunicando suas descobertas de diferentes formas (oralmente, por meio da escrita, da representação gráfica, de encenações etc.).O currículo local pode, ainda, abordar atitudes a serem desenvolvidas, como, por exemplo, interessar-se por reconhecer características geográficas e paisagens que identificam os lugares onde vivem e destacando aqueles que são típicos de sua região.

Assista ao conteúdo deste post no vídeo a seguir!

O objetivo faz parte campo de experiências:

Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

O código do objetivo de hoje é EI03ET02 e o descritivo é:

Observar e descrever mudanças em diferentes materiais, resultantes de ações sobre eles, em experimentos envolvendo fenômenos naturais e artificiais.

Acho importante falar sobre como essas percepções relacionadas às transformações que os materiais sofrem eram desenvolvidas nas faixas etárias anteriores.

Para os bebês, a ideia era explorar relações de causa e efeito, ao misturar coisas, mover objetos, transbordar um copo com água, por exemplo.

Para as crianças bem pequenas, de até três anos e onze meses, a proposta ia um pouco além, pois tratava da descrição de fenômenos naturais, como luz solar, vento e chuva.

Agora, a ideia é não só observar, mas também descrever mudanças em materiais a partir de ações sobre eles.

Eu diria que esse objetivo casa bem com as Ciências da Natureza, que lidam com o contexto das transformações. Mas a construção Matemática também lida com muitos processos de tentativa e erro, formulação de hipóteses e testes, e esse objetivo também trata dessas questões.

Crianças normalmente são muito curiosas e estão em busca de respostas para tudo, daí os tantos porquês, não é verdade? E dizem que o que move o mundo não são as respostas, e sim as perguntas.

Em sala de aula, com poucos recursos, é possível que as crianças percebam que a água aparece em três estados físicos distintos: sólido, líquido e gasoso.

Perguntas: 

  • Por que quando a gente tira o gelo do freezer ele derrete? 
  • Por que quando colocamos uma panela no fogo cheia de água, uma hora começa tudo a borbulhar e a sair fumaça?
  • Por que, depois que a gente desliga a panela e coloca uma tampa, passa um tempinho e a tampa fica toda molhada por dentro?
  • Vamos pensar em outras perguntas relacionadas a esse contexto de transformações?
  • Por que água e óleo não se misturam?
  • Porque o feijão cru é duro, e a gente não pode comer, mas quando está cozido é macio e faz bem para a saúde?
  • Por que à noite a gente não consegue ver o sol e tudo fica escuro?
  • Por que, na cidade, grande parte das pessoas vive dentro de casas e apartamentos, e não na natureza?
  • Por que, quando eu dobro um plástico maleável, a parte dobrada fica quente?
  • Por que existem lugares cheios de montanhas e outros planos?
  • Por que há lugares tão quentes e outros tão frios?
  • Ou por que existem lugares com tanta água e outros que são puro deserto?
  • Por que há algumas épocas do ano em que chove muito e em outras épocas passam-se meses e meses sem uma gota cair?
  • Por que a gente sua depois de brincar de pega-pega?
  • Como caem água ou pedras de gelo do céu?
  • Além da água, tem mais coisa que derrete quando tiramos do freezer?

Olha, gente… Eu poderia ficar falando aqui sobre perguntas de crianças por horas, mas eu só quis citar algumas relacionadas a fenômenos que envolvem transformações.

Na sala de aula a ideia não é que os professores apresentem respostas prontas e complexas para tudo, mas sim que despertem a curiosidade das crianças, de modo que elas desenvolvam um espírito investigativo a fim de formularem hipóteses, tentando explicar as coisas que estão percebendo.

E, na medida em que formulam essas hipóteses, elas têm a oportunidade de refinar o vocabulário, aprendendo e utilizando palavras novas, que servem para descrever as transformações, como os nomes das mudanças de estado físico da água e as estações do ano.

E as representações de seus pensamentos, hipóteses, descobertas e generalizações podem ser comunicadas de diferentes modos, seja por meio de relatos orais ou encenações, escrita e desenhos.

Falando em diversos tipos de transformações, incluindo as matemáticas, alguns questionamentos também podem ser feitos:

  • Quais são as características de uma imagem refletida?
  • Se a gente inverter um a posição de um triângulo, ele continua sendo o mesmo triângulo?
  • Por que faz barulho quando a gente enche um saco de papel com ar e depois estoura ele?
  • Se a gente juntar um triângulo e um quadrado, qual vai ser a nova figura formada?
  • E se eu empilhar dois cubos? O novo sólido vai ser, também, um cubo?

Tenho certeza que você consegue pensar em muitas outras questões e, é claro, em situações de aprendizagem que vão proporcionar às crianças momentos super ricos de construção de conhecimento.

E aí, o que você achou desse objetivo de aprendizagem e desenvolvimento?

Grande abraço! Tchau!