Neste post vamos analisar mais um objetivo de aprendizagem e desenvolvimento proposto pela Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, para a Educação Infantil, mais especificamente para as chamadas crianças pequenas, de 4 anos até 5 anos e 11 meses.
Objetivo EI03ET07 Relacionar números às suas respectivas quantidades e identificar o antes, o depois e o entre em uma sequência. |
---|
Abordagem das experiências de aprendizagem As crianças pequenas aprendem sobre os números com base no conceito de permanência do objeto. Uma vez que compreendem que os objetos existem, passam a fazer explorações e investigações sobre eles em termos de quantidade. O conceito de número é construído pelas crianças conforme exploram diferentes materiais e buscam agrupá-los e contá-los. Ao fazer a correspondência física entre conjuntos de diferentes materiais com a mesma quantidade, começam a compreender a noção de correspondência um a um. Nesse contexto, é importante que as crianças pequenas tenham a oportunidade de brincar com diferentes objetos e materiais, buscando organizá-los em conjuntos ou grupos; envolver-se em situações de contagem em contextos significativos da vida real, como, por exemplo, quando contam quantas crianças vieram à escola para colocar a quantidade de pratos certos na mesa para comer; participar de brincadeiras cantadas que envolvam a sequência numérica; jogar jogos que envolvam relacionar números com quantidades. É importante, ainda, que brinquem de faz de conta com materiais que convidem a pensar sobre os números, como brincar de comprar e vender, identificando notas e moedas do sistema monetário vigente; pesquisar a localização — em uma régua, fita métrica ou calendário — de um número escrito em uma sequência; ordenar a idade dos irmãos; analisar a numeração da rua; localizar o número de uma figurinha no álbum; explorar as notações numéricas em diferentes contextos — registrar resultados de jogos, controlar materiais da sala, quantidade de crianças que vão merendar ou que vão a um passeio, contar e comparar quantidades de objetos nas coleções. |
Sugestões para o currículo Ao formular objetivos de aprendizagem e desenvolvimento específicos para o currículo, é desejável detalhar noções, habilidades, atitudes e/ou especificidades locais para cada um dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da BNCC. Para as crianças pequenas, é possível construir objetivos específicos relacionados à resolução de problemas, como, por exemplo, comunicar oralmente suas ideias, suas hipóteses e estratégias utilizadas em contextos de resolução de problemas matemáticos. O currículo local pode, também, construir objetivos relacionados à leitura de números, como ler e nomear alguns números, usando a linguagem matemática para construir relações, realizar descobertas e enriquecer a comunicação em momentos de brincadeiras, em atividades individuais, de grandes ou pequenos grupos. |
Assista ao conteúdo deste post no vídeo a seguir!
O objetivo faz parte campo de experiências:
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.
O código do objetivo de hoje é EI03ET07 e o descritivo é:
Relacionar números às suas respectivas quantidades e identificar o antes, o depois e o entre em uma sequência.
Para a faixa etária anterior, as crianças bem pequenas, com idades entre um ano e sete meses até três anos e onze meses, era proposto um objetivo de contar objetos e pessoas em diversos contextos.
Lá naquele post eu falei que o fato de contar, embora seja uma habilidade que precisamos valorizar, não é muito significativo em termos de conhecimento matemático e, por si só, não tem tanta relevância. Contar elementos é algo que pode ser feito de forma mecânica, como simplesmente recitar a sequência dos números naturais, algo como cantar uma música sem prestar muita atenção no que está sendo dito.
Enfim, para aprender a contar, a criança não precisa de grandes estímulos. Se ela assistir a um desenho educativo ou ouvir musiquinhas que trabalham essa sequência, ou mesmo se ela ouvir a sequência sendo recitada por uma pessoa diversas vezes, ela vai aprender.
Entretanto, o processo de construção mental do número, que envolve a quantificação de objetos, a conservação e a associação entre símbolos e quantidades, é um processo bem mais complexo, do qual não se tem muito controle.
Ou seja, contar é diferente de quantificar.
A quantificação é um processo que acontece na mente da criança e é uma descoberta, um insight, um estalo mental que ocorre, acredita-se, após vários estímulos, após a criança ser estimulada a fazer comparações, após ela ser exposta a diversas situações desafiadoras de aprendizagem.
Mas podemos dizer que não é possível ensinar a criança a quantificar objetos.
Se você não está entendendo, eu vou descrever uma situação para você rapidamente, que envolve alguns experimentos do Piaget. Se você é da área da educação e trabalha com crianças, certamente você conhece os estudos dele relacionados à educação.
Muito bem, eu disse que contar e quantificar são coisas diferentes, certo? Vou explicar.
Você coloca um conjunto de lápis enfileirados sobre uma mesa e pede a uma criança que conte quantos lápis há em um conjunto. Vamos imaginar que ela saiba contar e diga a você que há oito lápis no conjunto e essa resposta está certa. Aí você reorganiza esses lápis novamente, coloca de qualquer jeito sobre a mesa, meio bagunçados, mas tudo diante dos olhos da criança, e pede a ela que diga a você quantos lápis há ali.
É óbvio que há oito lápis, mas se a criança ainda não teve o estalo mental para compreender a conservação de quantidades, ela provavelmente vai precisar contar os lápis novamente para ter segurança em dizer que há oito elementos ali.
Voltando um pouco, quando os lápis estiverem enfileirados, após a contagem, se você pedir a essa mesma criança que te diga onde há seis lápis, é capaz que ela mostre a você, com o dedinho, onde há o sexto elemento da fileira, o que também mostra uma confusão entre ordinalidade e cardinalidade.
Reforçando, então, a quantificação é um processo bem complexo e que a gente não pode controlar quando vai acontecer na mente da criança, mas é importante que ela seja estimulada o tempo todo.
Voltando especificamente ao objetivo, a ideia aqui é que as crianças relacionem, com segurança, números às suas respectivas quantidades. Ou seja, espera-se que as crianças não só quantifiquem, mas também utilizem os algarismos na construção de números que representem aquilo que foi quantificado.
Além disso, o objetivo também introduz a ideia de antecessor, sucessor e número que está entre outros dois números em uma sequência.
Esse é um objetivo complexo e eu diria que todas as crianças precisam desenvolvê-lo para estarem prontas para aprender as outras matemáticas que virão nos anos escolares seguintes e também na vida.
Então, como fomentar o desenvolvimento desse objetivo? Brincando, sempre. Mas que tipo de brincadeira? Especialmente brincadeiras que envolvam a ideia de correspondência de termo a termo.
Por exemplo, em um grupinho, os professores podem pedir a uma criança que pegue a quantidade de pratinhos para que todas as crianças possam lanchar, inclusive a própria criança que está realizando a atividade.
Em vez de a professora dizer quantos pratos precisa, ela deve deixar a criança desenvolver suas próprias estratégias até que resolva o problema do seu jeito, mesmo que para isso ela busque um prato de cada vez até que todos tenham um. Com o tempo, e aqui eu estou falando do tempo da criança, e não da professora, ela vai descobrir maneiras mais simples de resolver o problema.
Outras atividades que podem ser exploradas envolvem a simulação de situações reais, em que a crianças brincam de ir à feira e fazem compras.
Nesse caso, elas vão lidar com troco, notas e moedas do sistema monetário, lista de preços e quantidades de produtos que comprarão. É legal que elas tenham uma quantidade limitada de dinheiro, porque isso também as ajudará a desenvolver habilidades atitudinais relacionadas às práticas saudáveis, responsáveis e sustentáveis de consumo.
Uma atividade que tem grande potencial de permitir a construção de conhecimentos sobre a escrita de números é o calendário, que deve ser amplamente utilizado e ficar visível, em lugar de destaque, na sala de aula.
A exploração de numeração de placas de veículos e de casas nas ruas, bem como a numeração do transporte coletivo também são muito interessantes.
E aí, o que você achou?
Grande abraço! Tchau!