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Você sabia que existe um modelo matemático que comanda o sistema eleitoral no nosso país? Como funciona o mecanismo de contagem de votos e os critérios para definir se um candidato é eleito? Vamos entender a relação entre matemática e eleições!

Assista ao vídeo a seguir com o conteúdo deste post!

Nesta série de vídeos e posts estamos falando sobre o sistema eleitoral brasileiro.

Nós já falamos sobre o sistema majoritário, aplicado nas eleições para prefeito, governador, presidente da república e senadores.

E, no post anterior, começamos a falar sobre o sistema proporcional, que é um pouco mais complexo e é aplicado nas eleições para deputados federais, estaduais e vereadores.

Para você compreender o que vamos falar neste post, é importante que você tenha visto os outros dois, especialmente o anterior, pois lá eu já mostrei como a gente faz uma série de cálculos e agora eu vou continuar de onde parei, certo?

Nós vimos que a cidade de Florestal, em 2016, na eleição para vereadores, tinha 9 vagas a serem ocupadas, das quais 6 já foram preenchidas por meio do cálculo do quociente partidário. Contudo, se são 9 vagas e apenas 6 foram preenchidas, como as outras três vagas vão ficar?

Bom, essas vagas são chamadas de sobras e, para preencher essas vagas, a gente vai precisar utilizar uma fórmula matemática chamada média.

Mas, cuidado, não estamos aqui falando das médias que a gente costuma estudar na escola. A legislação chama o cálculo que vamos fazer agora de média, mas você vai ver que pouco se parece com outras médias que a gente tá mais acostumado a calcular.

Para calcularmos a média, e assim descobrir como as outras vagas vão ser ocupadas, precisamos dividir a quantidade de votos válidos recebida por cada partido ou coligação pela seguinte soma: vagas conquistadas pelo quociente partidário, mais vagas conquistadas por média mais 1.

\fn_jvn M=\frac{votos \ validos \ recebidos }{vagas \ obtidas \ por \ QP + vagas \ obtidas \ por \ media + 1}

Nessa rodada, a média do PMDB/PSD será: 2082 votos dividido por (3, que são as vagas já ocupadas por quociente partidário + 0, porque esse é o primeiro cálculo da média, mais 1 da fórmula). Enfim, vamos fazer 2082 dividido por 4, que dá 520,5.

No caso da coligação PT/PV, vai ser: 1567 dividido por (2, que são as vagas ocupadas pelo quociente partidário, mais 0, porque esse é o primeiro cálculo da média, mais 1 da fórmula). Então vai ficar 1567 dividido por 3, que dá aproximadamente 522,3?

E, no caso do PPS/PSC, o cálculo vai ser: 831 dividido por (1, que é a quantidade de vagas ocupadas pelo quociente partidário, mais 0 porque, como já dissemos, esse é o primeiro cálculo da média, mais 1 da fórmula). Enfim, vamos ter 831 dividido por 2, que dá 415,5.

No caso do PEN, esse partido obteve 321 votos, mas como o quociente partidário dele foi zero, como a gente viu no vídeo anterior, ele não pode concorrer a nenhuma sobra. Portanto, temos: 

  • PMDB/PSD: Média 520,5
  • PT/PV: Média 522,3
  • PPS/PSC: Média 415,5

Quem teve a maior média? PT/PV. Portanto, essa coligação vai ganhar mais uma vaga. Mas ainda há duas vagas a serem ocupadas. Vai uma para cada uma das outras duas coligações?

Não. É preciso fazer o cálculo da média mais duas vezes.

No próximo cálculo, vamos determinar que partido ou coligação vai ocupar a 8ª cadeira. E, por fim, no último cálculo descobrimos que partido ou coligação vai ocupar a última vaga.

É claro que esses cálculos são feitos por computadores. Se para uma cidadezinha a gente já está tendo todo esse trabalho, imagina uma cidade grande com dezenas de vereadores? Bem complicado, não é?

Agora, respondendo à pergunta que fizemos no início do vídeo anterior: Por que, nas eleições para deputados e vereadores, alguns candidatos com menor quantidade de votos são eleitos enquanto outros, com uma votação bem mais expressiva, muitas vezes não são?

E a resposta é: Por causa do modelo matemático adotado pelo nossos sistema eleitoral, nas eleições proporcionais.

Se isso é bom ou ruim, acredito que só a matemática, com seus critérios bem objetivos, não será capaz de responder. A discussão é mais complexa.

Ou seja, aplicar o critério simples de maioria, nas eleições proporcionais, não é correto, de acordo com o modelo matemático que organiza o sistema proporcional.

O que você achou desse modelo proporcional? 

Grande abraço e bons estudos!

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